quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Acabou o INFERNO-BUCASPOR





Após ter tomado a pior decisão desportiva da minha vida, ao vir para a Turquia, estou finalmente livre do inferno que vivi durante estes últimos cinco meses.

Tudo começou precisamente no segundo dia, quando incorporei o estágio da equipa. Logo nesse dia estava a fazer corrida num parque, juntamente com mais três jogadores. Nessa corrida, acho que pisei mal nalguma pedra ou num buraco, porque no dia seguinte já sentia uma dor abaixo do joelho. Apesar de tudo continuei a treinar. A dor não passava, só aumentava. Tomei então a decisão de falar com o médico da equipa (OUTRO SENHOR QUE SE CALA, AO MENOR CHEIRO DO CAPITAL). Disse-lhe que tinha uma dor abaixo do joelho que me impedia de correr porque a dor era insuportável. Então ele analisou-me o joelho, que não era a parte do corpo de de que eu me queixava e se não tinha nada no joelho, aí passei a ter e aí tudo começou.
Eu dizia que achava que era uma tendinite e o médico, que já bem sabia tratar-se duma tendinite, não me disse nada.

No dia seguinte não treinei para ver se passava a dor mas ela ainda lá continuava. Aí, apareceu a DIRECÇÃO, (outro conjunto de homens sem carácter) e perguntaram-me o que tinha eu. Respondi-lhes que tinha uma tendinite e seria melhor perguntarem ao médico.
Tinha acabado de começar a novela Dady.
Perguntaram se eu, no passado, já tinha tido algum problema no joelho esquerdo, ao que respondi negativamente e poderia facilmente ser comprovado nos clubes por onde passei. Se tivesse parado cinco dias teria passado a dor mas resolveram fazer-me uma ressonância magnética. Quando já estávamos no carro para ir fazer o referido exame, fiquei um pouco assustado porque não deixaram o meu tradutor acompanhar-nos. Era ele a única pessoa que me podia dizer o que se passava, já que ninguém falava português.
Comecei a desconfiar que alguma tramóia estava no ar. No entanto fiz o exame onde correu tudo bem, mas na hora do médico que me fez a ressonância me dizer alguma coisa, sou mandado sair da sala pelo médico do Bucaspor e aí tive a certeza que estavam " a fazer-me a cama", pois tudo era possivel, inclusivé o trocarem o CD da ressonância, por qualquer um outro joelho danificado.

Meia hora depois lá sairam e perguntei-lhes se estava tudo bem. Responderam que sim, mas não disseram se tinha algo no joelho.

Quando chegámos a Izmir, uma cidade linda, o treinador diz que quer falar comigo. Pergunta-me então como estou e digo que ainda dói, mas que no joelho não me dói nada. Então ele começou a fazer um filme, para o qual já devia estar instruído, e foi-me dizendo que não era normal um jogador fazer dois treinos e sentir logo dor no joelho, etc...
Continuei a dizer que não sentia nada no joelho e que a dor era mais abaixo, mas eles estavam apenas preocupados com o meu joelho porque no contrato dizia se tivesse alguma lesão que o contrato era rescindido.
Mais tarde, o autor da minha desgraça na Turquia, o vice presidente (um tal DOLMA) chegou e disse-me se já tinha sentido isso no joelho. respondi que não, que era a primeira vez que sentia isso. Disse-me então que não me queria no Bucaspor e que me fosse embora. Atónito com tal resposta, perguntei-lhe como é que me ia embora se tinha acabado de assinar contrato. Se quiser paga-me o meu contrato e vou já amanhã!
Com tudo isto, a tendinite começou a passar e fomos estagiar para a Holanda, onde na pré época e apesar de todas estas confusões fui o melhor marcador da equipa com 5 golos em 4 jogos. Mas já aí começava a notar alguma coisa que não estava bem comigo, com o clube e com treinador, porque nesses quatro jogosjoguei um a titular, e sempre que vinha um avançado à experiência, chegava e jogava logo a titular e eu que era da equipa, ficava no banco.
No dia do primeiro jogo da Liga, eu tinha vindo directamente da selecção de Cabo Verde para o estágio, porque no dia seguinte defrontávamos o BESIKTAS do meu amigo QUARESMA, com quem tive o prazer de trocar de camisola. Fiquei no banco e dali, ao ver o desenrolar do jogo, senti que poderia fazer a diferença, mas o treinador insistia em não me fazer entrar. Já estávamos a perder 1-0 e ele mandou-me aquecer. Eu, doido para entrar porque estava a ver o jogo fácil para mim, mas ele não me colocou em campo e perdemos 1-0.
Fiquei com muita raiva mas quis convecer-me que tinha apenas sido uma opção do treinador.
No jogo seguinte aconteceu o mesmo. Foram noventa minutos no banco e nem aqueci. Lá me continuei a enganar pensando que o treinador não gostava das minhas características e continuei a "dar o litro" nos treinos. Estava a treinar que nem um louco para ver tinha a minha oportunidade, porque eu sabia que eu era mais valia nesse clube, e tinha vindo para o Bucaspor para que pudesse ser montra dum clube doutra dimensão.
Chegava o dia dos jogos e nada. Só no banco, sempre no banco. E o pior é que a equipa não ganhava e tinha no banco um jogador que tinha acabado de ir buscar e isso era para mim um frustação imensa. Só a Marlene "NHA DEUSA" via como eu ficava depois de cada jogo.
No dia que entrei, e foi logo com o primeiro classificado, joguei com tanta vontade que até o treinador da equipa adversária me veio cumprimentar e elogiar. Isso deixou-me mais fustrado porque para as outras equipas eu era bom, só não o era no meu clube. O que se passava?

O pior, chegou num dia de treino em que numa jogada simples quase rompi o joelho. Fui fazer o exame e no dia seguinte a equipa viajava para estágio. O mesmo médico da pré temporada disse-me que tive muita sorte porque com um pequeno esforço a mais poderia ter tido uma lesão muito grave.

No fim do exame o médico do clube disse-me que eu ia parar cinco dias e que só iria "fazer gelo" e um pouco de ginásio. Aí fui um verdadeiro PASSARINHO porque lhe perguntei se podia fazer isso em minha casa, uma vez que lá tinha gelo e ginásio, até porque a equipa ia estar fora todos esses dias.
Imediatamente ele concordou e disse-me que já que tinha ginásio em casa poderia fazê-lo e apresentar-me no clube na segunda feira seguinte (cinco dias depois) para ele ver como eu me sentia.
Ali fiquei então a tratar da lesão, com gelo e ginásio, e todos os dias o médico me ligava para saber do andamento da lesão. Entretanto fui à Net ver como tinha ficado o resultado da minha equipa e vejo uma notícia muito grave ¨ DADY SUSPENSO POR TEMPO INDETERMINADO POR COMPORTAMENTO IMPRÓPRIO E VIOLAÇÃO DE REGRAS, VAI SER MANDADO PARA A EQUIPA RESERVA POR TEMPO INDETERMINADO.
Imaginem a minha reacção!!!
Liguei imediatamente para o tradutor para saber o que se passa, ele disse-me que também que só naquele dia tinha visto a noticia na televisão e que não sabia o que se passava.
No dia seguinte fui ao clube falar com o treinador para saber o que se passava e ele respondeu-me que já que tinha ficado cinco dias sem aparecer tinha tomado a decisão de me excluir da equipa. Respondi-lhe então que não era nenhuma criança para faltar estes dias todos sem justificação e que já andava nisto há muito tempo. Se não fui era porque estava devidamente autorizado pelo médico do clube, ao que ele respondeu não ter o médico nada lhe dito.

Mandámos chamar o médico, que confirmou ter sido ele a autorizar eu ficar em casa a fazer o tratamento. Então o treinador vira-se para mim e diz-me:
- DADY NAO POSSO FAZER NADA! FOI ORDEM DO VICE-PRESIDENTE! VOU FALAR COM ELE, MAS POR AGORA TENS DE IR TREINAR NAS RESERVAS ATÉ TUDO SE RESOLVER.
E começa a minha nova experiência na equipa de reservas e para dizer a verdade até gostei de lá estar, porque logo nos primeiros treinos o treinador das reservas veio falar comigo e disse-me que sou grande profissional e que não eram todos os jogadores na minha situacão que chegavam ao meio dos miúdos e treinava sempre sério e até me perguntou se estava disponivel para jogar. Disse-lhe que sim porque precisava de jogar.
No primeiro jogo pela equipa de reservas ganhámos 3-1. Marquei 2 golos e fiz uma assistência.
No dia seguinte o jornal dizia "DADY BRILHA NAS RESERVAS". Aí acabou a minha curta carreira nas reservas, porque o clube ordenou ao treinador para eu não jogar. Treinava todos os dias no sintético e tinha de vir tomar banho a casa porque até a água cortaram na minha cabine. Quando as reservas tinham jogos fora com 14 horas de autocarro, o clube mandava o tradutor informar-me que teria de viajar com a equipa reserva se não metia-me um processo. Tinha de ir e ficar noventa minutos a ver o jogo no banco. Bloquearam a minha televisão de casa e o pior foi no dia 26 de Dezembro. Mandaram um fax para o meu empresário, que também não o será mais, pois já nem de perto quero vê-lo, pois é apenas um daqueles empresários que apenas se preocupa com a sua comissão e não com o acompanhamento do seu jogador, dizendo-lhe que eu teria de estar em ANTALYA no dia 27 às 9 horas e no caso de não estar presente iria ter uma multa de 5 mil euros por dia.
Assim, no dia 26 fiz as minhas malas para ir para Antalya e antes de viajar ligo ao meu empresario e ao tradutor para me dizerem o nome do hotel onde teria de estar presente. Duas horas depois e eu já tinha apanhado o avião para ISTAMBUL, voltei a ligar para o empresario e para o tradutor porque ainda tinha de apanhar o avião para Antalya para saber para aonde ia.
Meia hora para o voo de Antalya eles voltamos a falar. O tradutor diz-me que o vice presidente disse que eu tinha de ficar em Izmir e não ir para Antalya e se estivesse em Istambul que voltasse para Izmir.

Nem sabem como fiquei. Disse muita coisa ao tradutor que não tinha culpa de nada e só recebia ordens, mas tive de ir para um hotel porque já não tinha voo para Izmir e só no dia seguinte pude voltar para Izmir.

GRAÇAS A DEUS QUE O PESADELO JÁ ACABOU, PORQUE JÁ MANDEI A CARTA DE RESCISÃO COM JUSTA CAUSA POR INCUMPRIMENTO DE PAGAMENTO DE QUATRO MESES DE SALÁRIOS !

Quis hoje contar-vos a minha história na Turquia, porque se falou de muita coisa, principalmente nos jornais da minha terra, Cabo Verde.
Nunca eu teria algum comportamento impróprio e quem conhece o Dady sabe como ele ama e sente a sua profissão!

Espero voltar ao activo, o mais breve possível.

Abraço para todos os meus fãs e um Bom Ano para todos.

Que Dady regresse o mais rápido possível e ... a brilhar!

Abraço
Dadygol